Há cerca de dois meses, comecei a trabalhar no Senado Federal, depois de
alguns meses estudando para aquele que foi considerado um dos maiores concursos
da história. Para se ter uma ideia, a vaga para a qual concorri neste concurso
público tinha nada menos que 1.200 candidatos por vaga.
Boa parte dessa alta concorrência deve-se ao fato de o Senado ser
conhecido como uma excelente casa para se trabalhar, tanto pelos bons salários quanto
por ser o local em que as principais leis do país são feitas e aprovadas. Soube
que a ideia do Senado é realizar concurso público com uma maior constância,
para repor o quadro de servidores perto de se aposentar.
Para se ter uma ideia, depois de passar muitos anos sem realizar
concurso público, o Senado fez concurso em 2008 e 2012. Seguindo essa lógica,
teremos novo concurso público do Senado em 2016. Ou seja, já é tempo de começar
a estudar.
E para ajudar aqueles que estão na batalha por uma vaga por meio de
concurso público, resolvi escrever neste post um adendo ao meu post anterior.
Portanto, antes de prosseguir, assegure-se de ler Como passei em um
concurso público, de primeira. Não voltarei aos pontos básicos,
apenas falei dos aprimoramentos que fiz para este segundo desafio.
1. Antecipação ao edital do concurso
público
Diferente do primeiro concurso
público, para o qual estudei apenas quatro meses, dessa vez pude me preparar
com antecipação.
Assim que cheguei a Brasília, em junho de 2011, fiquei sabendo do
concurso público do Senado Federal e comecei a me preparar para o mesmo. No
total, foram 10 meses de estudos praticamente ininterruptos, porém divididos em
duas fases:
1. Antes do edital do
concurso público: Estudava cerca de duas a três horas por noite, após o trabalho, e
a mesma quantidade no sábado e no domingo. Usava o sistema de rotação de
matérias e me baseava no edital do concurso público do Senado de 2008.
2. Após o edital do
concurso público: Estudava de oito a dez horas por dia, mesmo trabalhando por 8
horas. Passei a fazer cursinho e intensifiquei o uso dos mapas mentais.
Adotando essa estratégia, consegui cobrir todo o edital do concurso
público de 2008 antes mesmo de o edital ser publicado. E tive a grande surpresa
de o edital publicado em 23 de dezembro de 2011 ser exatamente igual ao
de 2008, que já era uma republicação do edital de 2001.
Para se ter ideia de como era exatamente igual, o edital de 2012 trazia
no assunto Atualidades temas ocorridos há mais de dez anos (!), tais como:
·
A desvalorização de janeiro de 1999 e seus impactos sobre a produção, a
renda e o balanço de pagamentos.
·
A crise de 1997 dos “tigres asiáticos” e demais países do leste asiático
e seus reflexos na economia brasileira.
·
As crises da Rússia e da Argentina e seus reflexos na economia
brasileira.
Esse foi apenas o primeiro dos problemas que a banca do concurso
público, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), traria para os candidatos. Mais sobre
isso adiante.
2. Repetição do que deu certo no
concurso público anterior
Como em time que está ganhando não se mexe, repeti exatamente as mesmas
estratégias que deram certo no primeiro concurso
público, a saber:
·
Rotação de matérias
·
Log do tempo de estudo usando o aplicativo Eternity Time Log
·
Escutar leis e a Constituição em áudio ao dirigir ou executar outras
atividades (lavar louça, fazer supermercado, lanchar etc.)
3. Estudar para concurso público
enquanto trabalha
No concurso público anterior, eu tinha um trabalho que me permitia
organizar meu próprio horário. Para o concurso público do Senado Federal, eu já
era servidor público em Brasília, com carga horária de 8 horas e um intervalo
de almoço de no mínimo uma hora.
Como havia passado no concurso público anterior há menos de um ano, eu
não tinha direito a férias. Dessa forma, tive que arrumar um jeito de gerenciar
o tempo para estudar para o concurso público enquanto trabalhava 8 horas por
dia.
Eis as atitudes que tomei após a publicação do edital do concurso
público:
·
Passei a dormir apenas 6 horas por noite, das 0h às 6h
·
Passei a estudar antes de ir ao trabalho, das 6h às 7h30
·
Troquei o almoço por um shake substituto de refeição para ganhar mais
uma hora diária de estudo
·
Larguei todas as atividades paralelas (academia, blogs, seriados etc.)
·
Passei três meses sem ver família e noiva, pois não ia mais ao Recife
(minha terra natal)
Uma vantagem que tive é que da minha casa para a agência onde
trabalhava, em Brasília, o percurso durava apenas 8 minutos, sempre sem
trânsito. Para quem não tem essa facilidade, não recomendo voltar para casa na
hora do almoço, pois o tempo perdido no trânsito pode ser maior do que o tempo
ganho de estudo para o concurso público.
4. Intensificação do uso dos mapas
mentais para concurso público
Havia utilizado os mapas mentais no primeiro concurso público. Dessa
vez, no entanto, foquei grande parte do meu estudo na produção e revisão dos
mapas mentais. Foram mais de 100 mapas mentais desenhados para o concurso
público do Senado.
Fiz isso porque grande parte da matéria a ser estudada tratava de
processo legislativo e fluxos de regras regimentais. Esse é o tipo de estudo
que fica muito melhor em forma de mapa mental (sobretudo fluxogramas) do que em
anotações em caderno.
Fotografei todos os mapas mentais com o smartphone e sempre que podia
(filas de supermercado, banheiro, espera para reuniões etc.) ia revisando os
mapas, um a um.
5. Cursinho para concurso público
No primeiro concurso público, morava na Espanha e não tiver oportunidade
de fazer cursinho. Mesmo que morasse no Recife, teria dúvidas se faria cursinho
pelo fato de considerar uma grande perda de tempo com deslocamento, intervalo,
espera pelo professor. Além disso, nem sempre os professores são de qualidade.
Dessa vez, no entanto, morava em Brasília e havia um consultor do
Senado, profundo conhecedor do Regimento Interno da casa, oferecendo cursinho.
Fui a uma aula gratuita inaugural e, para minha extrema sorte, ganhei uma bolsa
integral sorteada pelo IGEPP.
Não me arrependi de ter ido às aulas, tanto que acertei 100% das
questões relacionadas a Regimento Interno e processo legislativo no concurso
público do Senado. Mas continuo com ressalvas quanto aos chamados concurseiros que passam boa parte do dia
assistindo a aulas em vez de estar estudando sozinho.
6. O que deu certo e o que não deu
Como se pode imaginar, o ritmo de estudo após a publicação do edital do
concurso público foi extremamente intenso. Na reta final, o desempenho começou
a cair, até pelo fato de o ganho marginal com as revisões depois de tanto tempo
ser muito pequeno.
Outro ponto importante é que eu fiz duas provas de concurso público no
mesmo dia, uma pela manhã e outra pela tarde. Passei nas duas vagas, mas só a
da manhã dentro do número de vagas (fui o 17º entre cerca de 30 mil
candidatos). O meu desempenho à tarde, que era o cargo para o qual mais me
interessava, caiu bastante. Tanto que só consegui concluir a redação nos
últimos minutos da prova da tarde.
Um terceiro erro foi dar excesso de importância às matérias específicas
e um pouco menos a português. Considero português a minha melhor matéria em
concurso público, até pela minha formação como jornalista. Porém, a banca do
concurso público do Senado (FGV) faz uma prova sui
generis de português, cobrando conhecimentos gramaticais raros
e até mesmo controversos. O que me faz ir ao último ponto deste post.
7. Problemas com a banca do concurso
público
A FGV fez lambanças do início ao fim do concurso público do Senado
Federal.
Para se ter uma ideia, a dispensa de licitação da banca foi publicada no
Diário Oficial e na mesma edição já saiu o edital do concurso público. Ou seja,
em teoria, a banca teve apenas um dia para preparar o edital. Talvez por isso
tenha republicado o edital de 2008, que por sua vez já era uma republicação do
edital de 2001. Não se deram ao trabalho nem de atualizar assuntos de
atualidades.
Os problemas se sucederam a ponto de faltar cadernos de provas no dia do
concurso público, o que causou anulação das provas para os cargos de analista
legislativo nas áreas de informática legislativa-análise de sistemas, análise
de suporte de sistemas e saúde e assistência social-enfermagem. Os candidatos
que concorriam para esses cargos e tinham provas na sala só souberam da
anulaçãodepois de passar a manhã (ou tarde) fazendo as provas.
Depois, a banca não liberou o PDF das provas do concurso público,
impedindo quem não tinha os cadernos de entrar com recursos fundamentados
contra os diversos problemas nas questões. Para piorar, houve anulação de
pouquíssimas questões polêmicas, com respostas muitas vezes no mínimo
estranhas:
·
A Questão deve ser anulada, e o seu gabarito
mantido: “Após análise da argumentação do candidato, a Banca julga que
procede. Na questão 41, faltou informar os nós. A questão deve ser anulada. Do
exposto, a Banca entende que a questão deve ser mantida, bem como o gabarito.”
·
Questão que se referia a determinado parágrafo,
porém o texto não estava dividido em parágrafos: “A
diagramação da prova não é competência do professor idealizador das questões.
Portanto, o recurso deve ter outro encaminhamento.”
·
Análise de um trecho sublinhado em uma questão que
não tinha nada sublinhado: “A indicação de termo sublinhado não impede a solução da questão,
uma vez que todo o período foi modificado.”
·
Questão que cobrava o nome de uma obscura banda
canadense na prova de inglês: “De fato, “Default” é um nome
de uma banda de Rock, bastante famosa no Canadá, na verdade:http://en.wikipedia.org/wiki/Default_(band).
Dificilmente um candidato saberá disso. Mas trata-se de um concurso, algumas
perguntas serão difíceis mesmo.”
Sou contra aqueles que ficam chorando contra as bancas de concurso
público, já que na minha experiência anterior a banca Cespe não havia dado
qualquer problema. De qualquer forma, fica como lição estudar, além do assunto
do concurso público, o histórico da própria banca e o estilo na hora de
formular questões, responder a recursos, corrigir redação etc.
Deixo o espaço dos comentários aberto para quem quiser tirar alguma
dúvida sobre esse método de estudo para concurso público, bem como para aqueles
que queiram relatar suas próprias experiências no estudo para concurso público.
Fonte: Blog.qconcursos.com
Galera, achei muito interessante as dicas do Walmar Andrade e resolvi compartilhar o depoimento dele feito no blog qconcursos.
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